A ERA NAPOLEÔNICA: UMA NARRATIVA DAS BATALHAS E DO SISTEMA DE GUERRA DE NAPOLEÃO (1792-1815)
Maria
Clara Lima de Oliveira[1]
RESUMO:
O presente paper está voltado a apresentar uma
narrativa dos principais acontecimentos que ocorreram no período em que é
conhecido como a Era Napoleônica. Trazendo de forma concisa as características
da personalidade política e militar de Napoleão Bonaparte, a sua concepção de
guerra desde as táticas às estratégias no campo de batalha, e por fim uma
narrativa das batalhas que marcaram a ascensão de Napoleão até seu declínio. As
guerras incessantes que aconteceram na Europa entre 1792 a 1815, combinaram
simultaneament
PALAVRAS-CHAVE: Guerras;
Napoleão; Europa.
1. INTRODUÇÃO
O terror que se alastrou
com a Revolução Francesa, é interrompido em 27 julho de 1794, os interesses
burgueses derrotam jacobinos e contra-revolucionários. As políticas que se
sucederam, vieram a garantir definitivamente a afirmação das instituições
burguesas na França: com o Diretório (1795-1799), o Consulado (1799-1804) e o
Império (1804-1815). “A partir de então, é o exército a tornar-se o corpo
responsável pela unificação e pacificação da nação francesa. Um corpo que tem
na figura do general/cônsul/imperador Napoleão Bonaparte sua mais perfeita
expressão.” (MONDAINI, 2008, p.194) De 1792 até o golpe de Estado dado por
Bonaparte em 1799, o “18 Brumário”, a França de fato concretiza aquilo que já aspirava,
à ruptura com os soberanos europeus. “Os ideais libertadores inicialmente presentes
no projeto dos revolucionários franceses cedem espaço aceleradamente à vontade
expansionista de conquistar o maior número possível de territórios, submetendo
suas populações ao jugo francês.” (MONDAINI, 2008, p.194)As guerras
napoleônicas são reconhecidas como uma guerra de transição entre o velho e o
novo mundo. Onde o pensamento político do século XIX foi sendo progressivamente
marcado pela obra de Napoleão e de seus seguidores. Sendo assim, o paper objetiva apresentar os tramites
que levaram Napoleão a se tornar um mito, da sua ascensão ao declínio, no decorrer
de suas batalhas em campo e no cenário político.
Considerado um dos
maiores guerreiros de todos os tempos, comparado a Alexandre, o Grande, Cesar e
Frederico da Prússia, no comando de batalhas enfrentando as maiores
diversidades. Ele tinha a capacidade de mobilizar, organizar, equipar exércitos
numerosos e domínio da guerra de massa, revolucionando de fato a arte da guerra
que caracteriza a contemporaneidade. Ele recebeu e abraçou a formação de
oficial, se dedicando a ética da profissão. Napoleão enquanto líder político
expõe suas experiências ao escrever notas de rodapé na obra O Príncipe de Maquiavel, ao escrever
mais de setecentos comentários na obra, revela a sua personalidade de líder
político, contestando ou apoiando algumas das ideias de Maquiavel, manifestando
seus pensamentos, expondo suas opiniões, como se tivesse dialogando com o
próprio Maquiavel. Muitos o denominam como um verdadeiro discípulo de
Maquiavel, no seu jogo de oportunismo político. Napoleão era adepto dos ideais
iluministas, para ele os problemas do governo devem ser resolvidos pela razão e
pelo bom senso, ou seja, o governo era uma questão de pura ciência. As concepções
religiosas oscilavam “[...] entre um vago deísmo e a crença de que o homem foi
feito da terra, aquecido pelo sol e organizado por um fluido eléctrico”
(HAMPSON, 1969, p.139), assim partilhava dos conceitos de Voltaire, onde a fé
religiosa, embora sem embasamento, era a maior preservação da humanidade.
2. A OPOSIÇÃO NO INÍCIO DO CONSULADO
Nos
primeiros anos no poder Bonaparte, o primeiro-cônsul, encarou oposição “[...]
como Cesar ou Robespierre, era obcecado por ela e talvez a superestimasse,
pois, na verdade, em geral foi de pequena monta.” (ENGLUND, 2011, p.192) No
início do consulado ele não tinha tanta força para impor seu ponto de vista,
tanto no plano político quanto no militar. A fraqueza da oposição tinha muitas
faces e razões, em principal os opositores eram diversificados e desunidos, e
com freqüência detestavam e temiam uns aos outros, até mais que Bonaparte, estes
eram:
Liberais desgostosos
do Instituto, dos salões e da legislatura; jacobinos radicais que se haviam
oposto ao Brumário; monarquistas ensandecidos diante do sucesso de um regime
moderado com laivos monárquicos; e, por fim, uma cabala de generais do exército
bastante frívolos e irresponsáveis, alguns participantes dos jacobinos, outros
monarquistas e outros ainda (os dois mais importantes) um pouco de cada coisa. (ENGLUND, 2011,
p.192)
Napoleão
põe em prática a sua incontrolável ambição pessoal e política. Com Bonaparte
primeiro-cônsul, o Poder executivo submete um legislativo demasiadamente
incômodo, ou seja, se afirma uma relação de continuidade, se diferenciando
apenas em grau de concentração de poderes. Começa-se a então a falar sobre a
necessidade de anexações territoriais em nome das “Fronteiras Naturais”, a
república francesa passa a praticar uma política de anexação e ocupação. Bonaparte
obtivera uma lendária reputação, ele era extremamente popular, era ambicioso,
abusava constantemente de seu poder, contrariando os interesses do povo, “[...]
alguns condenam Bonaparte; outros acusam a nação que se cegou ao idolatrá-lo.”
(ENGLUND, 2011, p.198).
3. A ARTE DA GUERRA
A guerra é uma ação
recíproca, podendo se elevar a níveis extremos de usos ilimitados da força. “Existe
sempre um espírito de guerra entre velhas monarquias e uma república nova. Eis
a raiz das discórdias européias.” (COLSON, 2015, p.47) Napoleão não era adepto
de uma política de paz, mas não era um monstro, as execuções políticas eram
raras e o número de prisioneiros políticos também. A gloria militar que tanto
desejava era por motivos políticos, mas não deixava de ser também por motivos
pessoais. O triunfo no campo de batalha representava a grandeza e a glória. E
ele não se prendia a escrúpulos diante das necessidades operacionais, muitas
vezes teve de tomar decisões morais e intelectualmente arriscadas sem muito
questionamento. A guerra na época
napoleônica se limitava quase sempre aos exércitos, as batalhas geralmente não
faziam nenhuma vítima civil, os exércitos é que eram alvos dos planos
estratégicos dos adversários. “[...] Naturalmente, foi dado um passo em direção
à “guerra total”, mas isto se deu progressivamente.” (COLSON, 2015, p.66)
Napoleão acreditava que o
sucesso de uma guerra não é fruto do acaso, ainda que, esteja presente nos
eventos. Pra ele a ciência militar, consistia em calcular bem todas as chances
ao começar e estabelecer matematicamente as contribuições do acaso, porém, isso
pode cair em engano, por isso, torna-se necessário a cabeça de um grande gênio,
e o gênio da guerra é algo inato. As maiores faculdades de Napoleão era a sua
capacidade de prevê as grandes catástrofes, por isso a presença de um general é
tão indispensável, pois ele é a cabeça e o todo de um exercito. A qualidade de
um bom general é ter cabeça fria, nunca se exaltar e ter o bom senso, além
disso, é necessário que ele tenha conhecimentos matemáticos a fim de obter bons
êxitos. É necessário que se mantenha a sanidade “[...], pois a guerra é feita
de acontecimentos dramáticos, de imprevistos.” (COLSON, 2015, p.80) É preciso
prudência e principalmente coragem, coragem necessária para morrer.
O conhecimento do
adversário torna-se essencial na guerra. Napoleão obtinha suas informações
através de espionagem, interrogava prisioneiros e desertores e interceptava
cartas. “Fazer a guerra é antes de tudo obter informações.” (COLSON, 2015,
p.112) Mas não deixar de modo algum as obterem também, e Napoleão controlavam
bem a imprensa, transformando o segredo um estilo de seu comando. Napoleão
conseguiu dirigir grandes massas de homens, deixando os exércitos dos inimigos
fora de combate em pouco tempo. “[...] A tática implica em ordem. Recorre à
inteligência, ao conhecimento e à organização.” (COLSON, 2015, p.129) A
estratégia para ele é arte de colocar as tropas em movimento. “A tática tem
como objetivo o uso das forças armadas no combate; a estratégia, o uso dos
combatentes a serviço da guerra.” (COLSON, 2015, p.134) Mas as concepções
estratégicas devem ser simples e racionais, na guerra se convém à simplicidade
e a segurança.
Para Napoleão a arte da
guerra estava na maneira inteligente de conduzir a guerra, aumentando suas chances,
as suas forças sob o exército inimigo. Não se deve dá ouvidos ao temor do
exército, “A massa dos inimigos a serem enfrentados é uma das grandes fontes de
temor na guerra.” (COLSON, 2015, p.188) A superioridade numérica é o princípio
geral da vitória, “A Revolução Francesa foi capaz de arregimentar exércitos
muito mais numerosos que os das monarquias européias, o que explica as vitórias
que obteve.” (COLSON, 2015, p.214) Porém o numero de soldados não é nada se os
oficiais e suboficiais não tiverem consciência do que estão manobrando. É
preciso então obter fidelidade e disposição das tropas. Bonaparte através de
machas aceleradas conseguiu vencer vários adversários com um único exército, além
disso, ele surpreendia os adversários, tornando a surpresa um elemento
autônomo. Portanto a guerra se assemelha a um conserto, onde os homens são como
os músicos, e para que tudo aconteça em perfeita harmonia, é preciso que cada
um execute a sua parte.
4. A FORMAÇÃO DO GRANDE EXÉRCITO
A “campanha da Itália” de
1796 a 1797 elevou a carreira de Bonaparte, ao mostrar a sua genialidade na
arte militar “[...] acabou se impondo como a solução para os males que a
Revolução não conseguia resolver.” (MONDAINI, 2008, p.198) Ele passou a não só
intervir nas questões militares, mas também no plano político da vida de todo
um povo. Em 1801 ele alcança a pacificação política interna, e no plano
externo, após vitórias sobre os russos (1799), austríacos (1800) e napolitanos
(1801), restava a Bonaparte apenas o acerto de contas com os ingleses, para que
a paz voltasse a reinar na França e na Europa. Então em 25 de março de 1802 é
assinado um acordo de paz na cidade de Amiens. A paz retorna, mas por pouco
tempo. Partindo para uma agressiva política externa, a retomada da guerra
torna-se inevitável. “A França do general Bonaparte, transformado em imperador
Napoleão I não se limitava mais a buscar a “fronteira natural” francesa na
direção do Reno, Alpes e Pirineus, ela deveria ser buscada por todo o
continente europeu.” (MONDAINI, 2008, p.199) Mas para isso ele precisava formar
uma base forte, de homens dispostos a dar-lhe a vida em prol da Revolução e da
nação francesa, Napoleão precisava de um novo exército, um Grande Exército.
O Grande Exército é
construído sob uma base mais democrática, a hierarquia estava mais aberta aos
setores subalternos da sociedade, algo que já tinha sido feito pelos ingleses.
O novo exército não era formado de mercenários e arruaceiro de todo os tipos, e
sim de voluntários. Agora o povo comum vestia uniforme e pegava em armas pela
pátria. Enquanto isso, no resto da Europa se continuava a utilizar os tradicionais
métodos militares, com um exército de profissionais bem treinados e pouco
numerosos. A França parte para um método revolucionário e mais eficaz, como a
formação de um exército recrutado de toda uma nação. O treinamento e o preparo
profissional do exercito é algo muito importante mais lhe faltava algo, “[...]
a vontade política revolucionária, a consciência de que se lutava para
transformar a história.” (MONDAINI, 2008, p.201) O novo exército mesclava entre
o velho e o novo, ou seja, entre a capacidade técnica e a disposição
ideológica. Mas o que seria voluntário torna-se uma imposição legal, o serviço
militar torna-se obrigatório para os jovens entre 18 a 24 anos, tornado-se um
exército formado de massas por meio de recrutamento forçado, devido ao declínio
dos alistamentos espontâneos, porém mantendo-se um discurso de voluntariado. A
técnica, o entusiasmo e o número foram decisivos embora não exclusivos, para as
vitórias obtidas pelos franceses nas batalhas terrestres até 1812.
5.
A
BATALHA DE AUSTERLITZ E O BLOQUEIO CONTINENTAL
A
Inglaterra se recusa a cumprir um artigo do tratado de Amiens, que lhe obrigava
a retirar as tropas do arquipélago de Malta, e nenhuma das partes cogitava a
voltar atrás nas suas posições, então a guerra entre França e a Inglaterra
recomeça em maio de 1803, com a expedição da ordem de que o embaixador inglês
deixasse Paris. Era uma guerra de ordem econômica, a fim de garantir o poder
marítimo. Na Catedral de Notre-Dame, em 1804, Bonaparte é coroado imperador da
França, recebendo a coroa das mãos do próprio Pio VII. “Napoleão agiu
habilmente para fazer com que ela “acontecesse por si”. Foi tão bem sucedido
que gerou a impressão de que os eventos que levaram da iniciativa de torná-lo
primeiro-cônsul vitalício à sua coroação como “imperador dos franceses” foram o
desdobramento natural de um processo inevitável”. (ENGLUND, 2011, p.198)
Napoleão desejava dominar a Europa, mostrando a superioridade do seu Grande
Exército sob a Marinha britânica. Porém seus planos não deram muito certo,
consistia em utilizar o elemento surpresa e o rápido deslocamento sob a frota
inglesa na travessia do canal da Mancha.
Sob o comando do
lendário almirante Nelson, 27 navios ingleses dispostos de maneira inovadora em
colunas, e não na tradicional formação em fila, destruíram 18 embarcações
francesas e 15 espanholas comandadas pelo almirante Villeneuve. A manobra
vitoriosa de Nelson — capaz de reverter à superioridade numérica do inimigo —
consistiu em atacar a frota franco-espanhola furando sua linha no centro, com o
intuito de isolar os navios uns dos outros, assaltando-os depois bem de perto,
em certos casos até mesmo através da tática da abordagem. (MONDAINI, 2008,
p.205)
Mas em 1805, Napoleão em
um movimento de antecipação vence a Batalha de Austerlitz, tendo 75 franceses
contra 80 mil russos e 25 mil austríacos, fazendo o imperador da Áustria
assinar um tratado de paz degradante. A
batalha deu a Napoleão um misto de consagração imperial e o apogeu da
estratégia militar. Uma batalha organizada e com um forte armamento. Napoleão
mostrou sua verdadeira astúcia militar, fazendo do campo de batalha um verdadeiro
jogo de xadrez, ele fez um movimento de retirada das suas tropas da posição de
ataque ao exército austro-russo em direção a Viena, parecia está recuando do
confronto, enquanto o exercito inimigo se aproximava perto de platô de Pratzen.
Mas ele estava a preparar um segundo lance. Os austríacos e russos se
imaginavam donos da situação, marchando para uma vitória garantida, mas eis que
Napoleão ordena que suas tropas partam para o ataque tomando platô de Pratzen
de assalto. Foi um desastre para os adversários. Mas não acabava aí, em um
terceiro e ultimo movimento, onde o exercito inimigo decidira lutar até o fim
contra o exercito napoleônico, as tropas russas são atraídas para os lagos
congelados da região, Napoleão ordena então que a artilharia bombardeasse as
camadas de gelo. Eis que as tropas russas submergem nas águas frias do leste
europeu, sucumbindo ao degelo. “A batalha evoluiu como num tabuleiro, e bastou
um único raio para fulminar [...]” (DUMAS, 2005, p.55) O cordão de força entre
França e Inglaterra parecia ter se empatado, com uma vitória para ambas e seus
aliados.
Para se defender da
Rússia Napoleão monta uma espécie de cinturão territorial de proteção, montando
uma rede de aliados de novos Estados vassalos. Tanto os ingleses quanto os franceses,
faziam alianças em curtíssimo tempo. Uma quarta coalizão acontece em 27 de
outubro de 1806, onde a capital de Berlim foi ocupada sob liderança dos
ingleses. O primeiro ciclo de batalha se encerra em fevereiro de 1807, em
Eylau. Onde russos e prussianos travavam uma violenta batalha contra o exercito
francês, sem vencedores e nem vencidos, a melhor saída foi um acordo entre as
partes, a paz de Tilsit, uma partilha da Europa entre os dois grandes impérios,
o francês e russo.
Vencer a Inglaterra no mar torna-se quase
impossível para os franceses. A saída era uma batalha econômica, Napoleão
afirma um decreto ampliando as proibições de comercialização com a Inglaterra,
“[...] todos os países aliados ou ocupados, ou seja, Espanha, Itália, Suíça,
Holanda, Dinamarca e Alemanha, tendo a Rússia se comprometido aplicar o decreto
na Paz de Tilsit.” (MONDAINI, 2008, p.207). Formando assim o Bloqueio Continental.
Não poderia haver brechas mais ela existia e se chamava Portugal, que insistia
em continuar ligada economicamente a Inglaterra. Napoleão então atravessa a
Espanha e invade Lisboa facilmente. “A invasão de Portugal era apenas uma
escala na conquista da Espanha, onde reinava Carlos IV, [...] Napoleão apenas
passara os olhos pela Espanha, num relance rápido e distraído, mas que lhe
bastara, porém para ali enxergar um trono a ser conquistado. ”(DUMAS, 2005, p.60)
Conquistada
a península ibérica, Napoleão desafiara o poder do papa. Em fevereiro de 1808,
ele invade Roma, Pio VII se tornara uma mera sombra. O expansionismo
napoleônico disponta, 1810 a 1811, alcança a sua maior extensão territorial.
Napoleão divorcia-se de sua primeira mulher, casando-se com Josefina, filha do
imperador austríaco, a fim de fortalecer suas alianças e manter a Inglaterra
isolada, ou pelo menos a sensação de que estava. Tudo parecia estar no perfeito
controle de Napoleão, mas por pouco tempo.
6.
DA
CAMPANHA RUSSA A WATERLOO.
. Movimentos
de resistência popular são formados em alguns países ocupados, surgindo então
forças progressistas, “[...] inspiradas pelas idéias de nação, liberdade e
igualdade, dispostas a lutar por uma constituição livre da influência francesa.”
(MONDAINI, 2008, p.208) Em 1808 a 1812, espanhóis travam uma batalha violenta
com os franceses, um movimento insurrecional que se alastrou por todo o
território espanhol. Uma batalha contra o Grande Exército, que significou a
maior derrota desde o início das guerras napoleônicas. Cai-se então o mito de
invencibilidade, que se juntou ao fracasso do Bloqueio Continental.
Em
1811, a França achava-se ainda imbatível e capaz de vencer a Rússia sua
“aliada” e a Inglaterra. No ano de 1812, Napoleão forma um impressionante
exército composto por 650 mil homens de diferentes nações, rumo a Rússia,
encontrando pelo caminho apenas planícies desertas e queimadas. Um esfomeado
exército francês entra nem Moscou, com a cidade em chamas, e um czar sem
disposição para negociações. O exercito já estava sucumbindo pela forme e pelo
rigoroso inverno russo. Diante da situação Napoleão ordena a retirada. “Esse
retorno passaria a ser lembrado como um dos maiores desastres da história
militar da guerra.” (MONDAINI, 2008, p.210) O exército russo os cercaram
estando na exaustão, apenas um quinto do exercito morreu no campo de batalha,
“[...] O restante padecera de fome, frio, doenças alem de desertores e
capturados.” (MONDAINI, 2008, p.210) Foram vencidos pelo auxílio das forças
naturais do território russo. Esta derrota trouxe um declínio acelerado do
império francês e do Império de Napoleão. Dando oportunidade aos inimigos se
organizarem contra. Napoleão já não tinha apoio nem dos franceses, tendo assim
de abdicar.
Apoiado
pelo marechal Murat, em 26 de fevereiro de 1815 Napoleão ressurge de maneira
triunfal, expulsando Luís XVIII e obrigando as nações antinapoleônicas a
formarem uma nova coalizão. Então o exército inglês e seus aliados os derrotam,
na batalha de Waterloo, na Bélgica em junho de 1815. Se encerrando assim o
ciclo das guerras napoleônicas.
7.
CONCLUSÃO
Napoleão Bonaparte se
encaixa na categoria de mito e de ídolo. As guerras da Revolução e do Império,
e em principal os graves erros cometidos por Napoleão, na península ibérica em
1807 e na invasão da Rússia em 1812, trouxeram conseqüências, os desastres
humanos e políticos foram consideráveis. Napoleão pôs a perder as aquisições da
revolução, deixando a França menor do que encontrara. Por outro lado as
mudanças internas durante o consulado foram duradoras, porém o mesmo não
ocorreu com a política externa.
As reflexões surgidas a partir da luta contra
Napoleão Bonaparte nos campos de batalha, começou-se a observar a guerra e a
política de uma maneira mais sintonizada, a guerra não apenas como um ato
político, mas como um verdadeiro instrumento da política. Quase sempre o
objetivo político vem a determinar a meta militar. As guerras napoleônicas
foram o marco de uma grande mudança rumo a outro mundo. Ele veio a ensinar
muito mais a como ganhar batalhas do que ganhar guerras. A sua vida estava cruzada
com a guerra, chegou e manteve o poder pela guerra, do mesmo modo como a
perdeu.
REFERÊNCIAS
COLSON, Bruno. Napoleão Bonaparte – Sobre a Guerra: A arte
da batalha e da estratégia. 1ª edição. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2015, p.662.
DUMAS, Alexandre.
Napoleão Imperador. Napoleão: Uma
Biografia Literária. 1ª edição. Rio de Janeiro: Jorge ZAHAR Editor, 2005,
p.50 a p.83.
ENGLUND, Steven. O poder:
De Cidadão-Cônsul a Imperador dos Franceses. Napoleão: Uma biografia Política. Rio de Janeiro: Jorge ZAHAR
Editor, 2011, p.191 a p.306.
HAMPSON, Norman: Os
Últimos Lampejos do Despotismo Iluminado. A
Primeira Revolução Européia (1776-1815). Lisboa: Editorial Verbo, 1969, p.
137 a p.163.
HOBSBAWM, Eric J. A
guerra. A Era Das Revoluções (1789-1848).
São Paulo: Paz e Terra, 1996, p.115 a p.145.
MONDAINI, Marco. Guerras
Napoleônicas. In: MAGNOLI, Demétrio (org.).
História das Guerras. Vol.3. São Paulo: Contexto, 2008, p.188 a p.216.
RAMOS, Vanessa Carnielo. “Os
comentários de Napoleão Bonaparte a O Príncipe, de Maquiavel, contidos em nota
de rodapé.” Revista PLURAIS, Goiás, V.3,
n.1, p.1 a p.11, 2013.
[1] Discente,
do 5ª período de História, na Universidade Federal do Piauí – UFPI. Email:
mariaclaralima0923@gmail.com)
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